A objetificação de corpos negros reflete nos dias de hoje?
A objetificação, assim como a animalização dos corpos negros são resquícios do olhar da #branquitude sobre nós como objetos.
Por: Samira Soares @narrativasnegras
em parceria com @icarojorgesilva

Antes de entrar no texto de fato, leia esse trecho:
"Cale o cansaço, refaça o laço. Ofereça um abraço quente. A música é só uma semente. Um sorriso ainda é a única língua que todos entende.
Tio, gente é pra ser gentil"
(Emicida)
Num estado que normaliza a morte dos jovens negros e pobres, que acha comum ver negros em desespero por falta de trabalho, que normaliza a exclusão de pessoas negras no acesso à saúde, quem é realmente gente?
Mas afinal o que é #objetificação?
A objetificação é um mecanismo racista utilizado para tratar certos corpos como objetos, assim como esse termo, utiliza-se a animalização para tratar sobre corpos marginalizados numa sociedade
A história do #racismo no Brasil evidencia a objetificação como método de opressão e violência. Osmundo Pinho vai trazer como esses processos de objetificação influenciaram a construção da masculinidade do homem negro, a partir da sua hiperssexualização.
Lugar do Negro:
Segundo Lélia Gonzalez e Carlos Hasenbalq, o racismo estrutural se reorganiza a partir da economia e da política para incidir sobre esses corpos de forma a excluir e marginalizar a pessoa negra.
Portanto, esse processo de objetificação se concretiza de forma a manter o racismo estrutural, animalizando nossos corpos para gerar exclusão.
Mulheres Negras:
Quando se discute a objetificação da mulher negra, torna-se fundamental perceber como, em todos os âmbitos, temos nossos corpos animalizados.
Em Mulher, raça e classe de Angela Davis, ela apresenta como as mulheres negras do período colonial nos EUA foram consideradas "desprovida de gênero" por terem sido abusadas pelos senhores brancos e exploradas pelo violento sistema escravista. No Brasil não foi diferente.
Mulheres #negras ainda são consideradas como desprovida de gênero, não foram poucos os comentários perversos direcionados às "Globelezas". Mulheres pretas exibidas feito "mulata exportação", assim como pode-se ver na página @euempregadadomestica da @pretararaoficial relatos de trabalhadoras domésticas denunciando as violências e abusos dos seus patrões.
É preciso questionar e constranger práticas que nos violentam, afinal, merecemos ser amadas sem a ótica do preterimento perverso que nos retira a humanidade e o direito a afetividade.

Samira Soares
É filha de Lençóis. Atualmente está em Salvador com o mestrado em Literatura e cultura.
É Ativista do MNU - Movimento Negro Unificado
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Reflexões sobre raça, gênero e sexualidade.
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