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UMA CARTA PARA CAROL


(Para a jovem Carol Duart que sofreu violência física e psicológica nesse último domingo na cidade de Lençóis, ver caso em https://youtu.be/U6dWPpX1Tzg)



Não tenha medo e nem vergonha de quem você é... nenhuma de nós pode ser culpada por ser violentada.

Continue sendo essa pessoa que dança livremente e que fala o que pensa.

Você nos representa com a sua liberdade. Infelizmente você não é a única a passar por uma situação de agressão pelo simples fato de ser mulher. Parecemos estar diante de uma guerra onde somos bombardeadas o tempo inteiro como se fosse normal e natural.


O que aconteceu com você foi muito dolorido para todas nós e é de extrema importância que seja visto publicamente para que outras mulheres que passaram por isso, ou ainda estejam passando, vejam e digam BASTA!

Ficamos felizes com toda mobilização que vivemos e participamos na cidade sobre seu caso e também triste por saber que outras mulheres não conseguem chegar na denúncia, sem apoio e com medo - invisibilizadas e presas numa situação de violência.


Os agressores e as agredidas estão ao nosso lado, em nossas casas, na casa vizinha, no nosso curso, no nosso trabalho, no dia a dia.

Vivemos numa estrutura machista e patriarcalista, com muita violência, onde a romantização do amor nos aprisiona em relações abusivas. O ciúme violento é justificado em narrativas de filmes, propagandas e livros como amor romântico. Não é amor, é violência psicológica e física. Servimos as nossas famílias, cuidamos de maridos, filhos e netos como domésticas. Não é amor, é exploração de nosso trabalho. As nossas velhas são, inclusive, roubadas em suas aposentadorias bancárias.


A sociedade patriarcal foi construída inteiramente para quem está por cima da pirâmide capitalista. Os privilegiados nos colocam num lugar de reprodução de gentes e valores machistas, subalternizadas, consumistas, objetificadas e em conflito entre nós.


Mas, não vamos perder nossa sensibilidade. Precisamos aprender que toda mulher é uma irmã que sofre violência e que precisa se juntar nessa luta. Carol, você não está só, nós estamos juntas nessa luta e não poderão nos calar. Violência física, psicológica ou sexual é crime e estaremos aqui pra mostrar e denunciar cada um deles, juntas somos mais fortes.

De fato é um desafio informar e ajudar as mulheres a identificarem todas a violências que passamos. Somos ameaçadas e quando denunciamos não temos proteção da justiça. As ações de proteção só começam quando já vivemos um crime e, em vários casos, ainda somos culpabilizadas.


Mas seguimos com uma roda bem maior que antes.


Mulheres, nossa cartilha diante da violência é:


Passo 0 - buscar apoio psicológico e atendimento médico para a mulher violentada, junto com a família.


Passo 1 - produzir vídeos testemunhando o fato, constituir provas, fazer corpo delito, testemunhas, advogada e abrir processo.


Passo 2 - comunicar e mobilizar as redes sociais para constranger, envergonhar e ameaçar agressores.


Passo 3 - manifestar publicamente e presencialmente nossa indignação e organização em coletivos e nas ruas.


Passo 4 - buscar proteção da justiça, das ongs, dos gestores públicos paraas vítima, suas famílias e testemunhas.


Passo 5 - nos solidarizar com a dor das outras mulheres. Resistir, resistir e resistir ...


Carol, celebramos sua coragem!! Mexeu com uma, mexeu com TODAS.


Texto:

Micha Preta, Cassandra Oliveira, Marcela Soledade, Araceli Dias, Juliane Santos , Regiane Rosa Cruz, Rosiane Santos, Emyle Santos, Franciele Vieira e todas as jovens e mulheres do Grãos de Luz e Griô - texto coletivo produzido pelas jovens em curso de linguagens e redação com professora Líllian Pacheco



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