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E eu não sou uma mulher?

Por Samira Soares


Foto: Michele Nascimento

"Aqueles homens ali dizem que as mulheres precisam de ajuda para subir em carruagens, e devem ser carregadas para atravessar valas, e que merecem o melhor lugar onde quer que estejam. Ninguém jamais me ajudou a subir em carruagens, ou a saltar sobre poças de lama, e nunca me ofereceram melhor lugar algum! E não sou uma mulher?"

Esse discurso foi proferido por Sojouner Truth, importante referência para o #FeminismoNegro, como uma intervenção na Women’s Rights Convention em Akron, Ohio, Estados Unidos, em 1851. Ela se levantou como ato de constrangimento aos discursos dos homens que diziam que as mulheres, naquela época as brancas, eram frágeis.

E desconsiderando por completo que historicamente, mulheres negras, eram duplamente sobrecarregadas pela sociedade colonial.


Existe uma lógica de que as mulheres negras são extremamente fortes, e assim são violentadas nos espaços que deveria promover saúde. Negligenciam suas dores no parto, ou menosprezam as crises da anemia falciforme como símbolos do racismo institucional. Só que para além da dor física, a mental é a mais silenciada, porque é por essa que a sociedade se sente permitida para negligenciar as consequências da sobrecarga do ouvir todos e não ser ouvida por ninguém, ou até mesmo cuidar de todos sem ter quem cuide dela nos momentos de humanidade.


Quando toda uma estrutura familiar se desmancha quem a segura sozinha? Quando um relacionamento se acaba a quem essa mulher preta recorre sem ser interrompida por uma disputa de quem sofre mais?Quando a perguntam se ela está bem ou precisando de algum apoio emocional? Qual a cor da solidão?! Preta!

Existem mulheres que aprenderam a silenciar suas fragilidades porque o lugar do não dito é mais naturalizado, entretanto, as feridas do emocional as perseguem por todos os espaços e cabe a todos nós pensarmos caminhos para humanizar esses corpos negros.



#mulhernegra#blackwomen#blacklivesmatter




Samira Soares

@narrativasnegras


🍃✨| mestranda em literatura

🍃✨| ativista do MNU

Escreve sobre: sociedade, autocuidado, literatura negra, organização e planejamento de estudos. Foi participante do Grãos de Luz e Griô quando criança. É educadora, parceira e colaboradora dos projetos do ponto de cultura.


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