Festa Live de Aniversário Grãos de Luz e Griô com sanfona, quadrilha e comidas típicas
Atualizado: 3 de jul. de 2020

Quadrilha junina é festa, alegria, cultura, arte, trabalho coletivo e vida comunitária.
O Brasil ultrapassou os 50 mil mortos em junho vítimas da pandemia. A
crise política/econômica aumenta assustadoramente o número de mortes com a desigualdade social associada ao #racismo, ao #machismo, a #lgbtfobia e todas as desumanidades do #capitalismo. Nas bases sociais e culturais da sociedade, o luto e a luta solidárias convivem pelo direito de viver. Assim, a festa e a celebração sempre foram uma das armas mais fortes para mantermos nossa sanidade, afetividade e economia solidária.
Portanto o ponto de cultura Grãos de Luz e Griô realizou sua Festa Live de aniversário de 26 anos, apoiando e divulgando os #sanfoneiros, as #quadrilhas e as comidas típicas do #SãoJoão. No #nordeste, a felicidade de comer bolo de aipim ou de milho, tomar um licor artesanal com amendoim cozido e partilhar memórias em volta da fogueira são ritos revolucionários de resistência e de celebração da vida.

Foi emocionante ver Tâmara Silva e Kérolly Araújo da quadrilha Escolinha do Jajá contando memórias inesquecíveis do presente que ganharam da vida ao serem convidadas para puxar, gritar e organizar a quadrilha das crianças;
Rosa, Rosângela Barbosa, falando dos temas dos espetáculos que a Quadrilha Adolecê encanta o Teatro de Arena todos os anos!
E a Quadrilha Rosalina, representada por Victor Darlan, lembrando as homenagens às heroínas do cotidiano da comunidade do tomba. Que saudade infinita de Mãe Rosa!
Todas as quadrilhas que fazem parte da Família Grãos de Luz e Griô recebem apoio aos seus projetos, todos os anos, para fortalecerem a cultura lençoense.
Além das quadrilhas, vimos as jovens mulheres guerreiras do Xote das Mina: Simone França e Analia Xavier em #SãoPaulo, falando de suas aprendizagens autodidatas na música e mandando beijos saudosos para suas famílias; ouvimos Dauan Santos e Elisson Moura tocarem o som belíssimo da sanfona, aquele som que vai lá no fundo do coração nordestino ao contar histórias de amor e crescimento com a família Grãos de Luz e Griô.
Durante a festa Live, o Grãos também exibiu a aula espetáculo Respeita os Oito Baixo do Seu Pai com a história da #sanfona, homenageando o grande Mestre Aurino e o Forró Quilombola. No palco, jovens artistas de #teatro e #música incríveis formados nas oficinas Grãos e que formaram o Grãos: Ricardo Boa Sorte , Rose Lane Santos Charlaine Nascimento Diego Souza Marcos Marques Dauan Santos Elisson Moura e muitos outros.

Mas São João também é festa de #colheita e #comida. Compramos, comemos e sorteamos para a comunidade que participou de nosso #FestaLive, os bolos de fubá e tapioca da Liu, Bolos de aimpim e milho verde de Mariza da Lanchonete A Mistura, Bolos de milho verde e aimpim da Hildete do Restaurante Tempero da Dete, os licores de jenipapo do Mercadinho Lençóis/ Quitanda São Jorge e uma maravilhosa cesta da Feira Quilombola do Remanso, todos produtos de mulheres incríveis e empreendedoras que divulgam no Garimpei.com, nosso site lençoense de economia solidária, cultura, arte, comunicação e encomenda em casa.
A festa Grãos foi uma declaração de amor, fé e alegria ao legado identitário de #Lençóis, esse legado da festa junina que se espalhou com os retirantes nordestinos em todo o #Brasil. Como diversas tradições, chegou aqui com a colonização portuguesa e suas influências culturais de conflitos entre os deuses mitológicos gregos para explicar as estações e outros fenômenos da #natureza. Também como diversas tradições, a Igreja católica em suas cruzadas e invasões culturais transformaram em rituais de seus santos e santas, neste caso, fogueiras e fogos festejaram o nascimento do menino São João, aquele que profetizou a vinda do menino Jesus.
Os #povosoriginários tinham suas tradições de acender fogueiras para os seus deuses para se protegerem no inverno e festejar as colheitas de milho e mandioca, assim como #povosnegros #africanos em #diáspora no Brasil acendiam fogueiras para seus orixás e inquices como símbolos de renovação e transformação. No nordeste todas essas culturas se juntaram em meio a guerras, genocídio e conflitos, e ainda com as danças de salão francesas, povo que também invadiu essas terras. O fato é que acender a fogueira, dançar e celebrar as colheitas, fazer a roda e cantar juntos se protegendo do frio são costumes que fazem parte dos rituais que nos humanizam desde o começo de nossa marcha no planeta #Terra, seja na hora da dor, seja na hora da #alegria.
Que as memórias do São João tenham acendido a fogueira do coração do povo lençoense para a longa travessia que vivemos!